terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

CXXXVII

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zarpei da bodega e tornei a vagar pelas ruas. percebo que há dois conhecidos meus vindo em minha direção. não dá tempo para despistá-los. eles já me viram. odeio quando isso acontece! não dá tempo para fugir. escapar para uma outra rua, uma outra saída, uma outra entrada de algum beco ou viela. eles já me viram. isso é péssimo! porque, porra, eu não quero ver e muito-menos falar com ninguém. mas não adianta, eles se aproximam e começam a falar. e um já começa fazer uma pergunta estúpida e cretina:
- tá vindo de onde, cara?
- eu?
- não. tô perguntando pra árvore do teu lado. ô merda! tá vindo de onde?
- ah de uma birosca aí!
- pô, vamo voltar pra lá onde você tava!??
- ah não. acho que eu vou para casa.
o outro também pensa da mesma forma.
- aheh. acho que eu também vou nessa!
- porra, tá enfraquecendo? - o primeiro chato indaga ao outro chato segundo.
- sei não. acho que eu vou continuar a andar por aí. de repente, tem algum posto 24 horas aberto e pode ser que eu pare pra tomar umas latas de itaipava... - sugiro.
- ótima idéia! - o primeiro exulta.
- pensando bem. desisto. não vou mais não.
- ai caralho! deixa de ser doido de pedra!!!
- vou para casa mesmo.
- não temos nada para fazer. vamos andando com você. beleza?
- mas eu não vou pra casa. vou andar só - refleti por alguns minutos e voltei atrás - não não, eu vou pra casa sim!
- então vamos!
e caminhamos, os três patetas, juntos no mesmo passo marcado. é quando me bate súbita sequela:
- iiihhh! esqueci de ir embora. minha casa é pra lá! não é pra cá - eu tinha ido pra direita quando na verdade era pra esquerda - é mole... esqueci onde é a minha rua, esqueci onde é a minha casa. . .
- cara, não acredito nisso, bicho!
- você esqueceu de ir embora. esqueceu onde mora. . . que doideira!
- porra, poizé. . .

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