quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

CXXXVIX

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recebo o vento
sou a flecha da redenção
voando pelo céu de chumbo
um anjo desencarnado
sem asas de ícaro
com braços morféticos

e pés pousados
em solos fétidos

recebo o sol
que corusca em meu rosto cambiante
contrapondo minha pele enrubescida
formigada pelo contato com a mata virginal
na subida do monte de vênus

não percebo
estamos todos nus

recebo outro corpo
e sou conduzido a um lugar livre
onde os sonhos não se esgotam
e que um dia eu poderei
dizer que já estive.


*
*
*




termino de escrever esses versos imersos e apago.

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