quinta-feira, 29 de outubro de 2009

L

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entretanto entrequanto entretudo, eu me vejo sem nenhuma grama de grana, nenhum tostão verdinho furado no bolso.
acordei cedo. escovei os dentes. tomei um banho célere. engoli a seco um pão dormido. pus uma roupa mais decente diferente das que eu uso diariamente. e rumei a procura de um emprego qualquer. de-vez-em-quando, o homem é obrigado a sustentar os seus vícios afim de ostenta-los.
no ponto dei sinal para o ônibus em direção ao centro da cidade. tive que pedir para passar por baixo da roleta. (que porra de duro que eu estou!) sentado no banco da janela, fiquei refletindo na vida até pegar no sono. antes eu havia dado uma olhada revisada no meu pobre currículo vital.

XLIX

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tão logo depois peguei no sono. nem fumei um cigarro antes, nem defequei. apaguei!
no dia seguinte, acordei sem sonhar ou sem lembrar do sonho. só sei que não quero mais ficar obcecado a pensar em tâmara. tá! já sei que ela é espetacular, um esplendor em tanto... mas não vou ficar agarrado a ela exclusivamente. não posso! não devo. . . se for pra cultivar, cultuar algum sentimento que seja apenas a paixão e não o amor. o amor é como o mar, traiçoeiro. às vezes, amar é como pisar em ovos. e, eu, por enquanto enquanto pretendo evitar esse fugaz sentimento. pois então eu quero mesmo é vadiar, me embriagar e cair por aí! destarte, tenho que me concentrar quanto a tudo isso.

XLVIII

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sai o poema:

ode à Tâmara

és
o fruto frondoso
cultivado
pelos deuses do amor
& da criação.

beleza própria
em formas e cor
epiderme amalgamada
pela tríade racial:
África negróide
índio Brasil
com o branco Portugal.

vibro a cada toque
de suas pequeninas mãos
no meu sexo forte e rijo
entrelaço suas pernas
nos meus ombros
contorcionismos
no ato do amor.

faço você escalar
o monte Everest
de excitação & gozo
e você me retribui
executando
sua performática arte de pompoar.

tâmara,
a maciez da maçã do seu rosto
e o sorriso que atavia esse viço
me tonteia, me desconcerta
devo acordar a vizinhança aos berros:
acho que achei a pessoa certa!


ficou bom esse poema? mostro ou não mostro para a bela dita cuja? não. vou deixar engavetado, lacrado colado com etiqueta escrito: arquivo confidencial.

XLVII

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eu gostaria muito de compor um poema em sua ode. mas, estou ocupadíssimo pornografando as ideias. eu não consigo ficar uma noite sem ficar assistindo esses tipos de filmes culturais e sadios na minha ‘catnet’. poizé, estou buscando inspiração – tesão.

XLVI

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no entanto, eu confesso. naquele momento, no bordel. eu estava com a minha cabeça em tâmara. e também porque aquela puta mesmo sendo tremendamente gostosa, não me deu aquele tesão de verdade! não é possível... será que estou amando tâmara? na verdade, estou louco para transar com tâmara de novo! sentir a quentura da sua pele amorenada. me olhando com seu olhar de tarada. revirando os olhinhos de sensacional prazer. poderá ser ela a minha namorada? e eu algum dia, serei o seu futuro marido? poxa, já estou eu fazendo planos! o amor é uma droga mesmo. . . e eu estou viajando!... voando... alto!. . .

XLV

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ao chegar em meu mafuá. mafular. subi direto e reto para o meu quarto. antes passei pela cozinha bastante apressado, abri a geladeira e catei uma garrafa de vinho tinto suave. liguei a televisão do meu quarto – sintonizando o gatonet no canal 69 – o canal dos filmes pornográficos. sou praticante contumaz do onanismo. onanista por opção carnal e sobrevivência espiritual. só o onanismo me dá o orgasmo que eu quero.
mas muito em breve, retornarei ao lupanar pra tirar a forra e comer uma puta boa, bonita e barata que me satisfaça fazendo com que eu abra um sorriso de orelha a orelha de felicidades.

sábado, 24 de outubro de 2009

XLIV

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não fodi com nem uma nem outra. deixei-as à míngua também. diferentemente do meu comparsa zéquito. que apareceu de volta abraçado, enroscado com uma puta, desta feita, bem linda e com um corpo bem desenvolto. linda mesmo!
- aí mano, vou dar uma foda agora com ela. vai bebendo aí e me espera, tá! vou demorar um pouco. porque. viu só essa belezura?! não é linda, gostosa ou não é???
- é sim rapá! vai fundo! manda ver! – incentivei-o com entusiasmo e afinco.
- pode deixar que eu vou tratar bem dessa máquina, mano!
- eu sei.
o homem vê a mulher como um belo automóvel, um belo carro, uma bela moto. algo que possa dominar. ter sob total controle. acelerar fundo na hora que tiver que acelerar. meter o pé no freio às vezes. aumentar, diminuir, trocar de marcha e tocar a buzina (dar esporro). e zéquito não pensava diferente. porém, ele ainda não foi avisado que isso tudo é um grande ledo engano.
após quase uma hora, zéquito volta do quartinho-da-trepada com o semblante meio frustrado, consternado. cabisbaixo.
- que que houve, cumpadi?
- nada nada nada. . . vamosair fora logo rápido desse pardieiro!
- por quê? que foi?
- nada nada nada. . . vamosartar fora logo! só isso!
- calma cara, eu tenho que pagar a conta aqui dessas cervas.
- tá tá tá. . . paga logo! porque eu quero saltar fora logo daqui...
- beleza vou lá.
- hóquei.
na saída, ele estava com uma aparência zangada, feroz. caminhamos até o ponto de ônibus. foi aí que ele me contou o que havia acontecido. claro, depois d’eu insistir mais uma vez.
- que que aconteceu, mano?
- porra, tou puto! a puta que eu comi era muito ruim. muito azeda. sem sal, sem tempero nenhum. sem graça demais. comi por comer porque foi uma foda muito mal realizada.
- gozou? – perguntei.
- óbvio que não, né!
- que merda!
- põe merda nisso! dinheiro muito mal gasto.
- escolhi a mulher perfeita. toda linda. gostosa e quando chega não flui, mano!
- é isso que dá. tu cresceu o olho. saiu, deixou a baranga a ver navios. à mercê. chupando dedo. logo, essa que tava doida pra dar pra valer. quando acaba tu escolheu a maravilhosa e deu no que deu. em nada, seu zé...
- poizé, perdi pro meu olho. grande.
essa foi a dura lição, ‘a moral-da-estória’ para o seu zé...
mané.

XLIII

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continuando.
- eaí?! vamo fuder?! - novamente a raimunda sequiosamente perguntou só que dessa vez para mim. pois, zéquito ao que parece deixou ela a ver navios...
- vambora.
- mais animação, homem!
- vaaaamboooraaaa!
- agora assim! assim que eu gosto de ouvir. alto e grosso como um bom caralho também deve ser. hahahahaha.
- boa piada. – a gostososona disse.
- quanto é a foda? – perguntei.
- pra você, eu faço vintinho. – a baranga rabuda oferecendo seu serviço.
- e você, quanto cobra? – dirigindo-me à gostosa convencida.
- é... eu cobro trinta... trinta e cinco.
- ah tá caro! mas com direito a anal?! penetração britadeirada no cú?!
- ah não! não! eu só tou aqui hoje porque eu tenho contas a pagar. faculdade pra pagar e tudo mais...
abruptamente a interrompi.
- porra, não me venha com estória triste pra cima de moi!
- ah seu grosso! estúpido!
- ah sua puta!
eu não sabia que algumas messalinas de hoje em dia estão mais sensíveis. não sou tão bronco besta cavalo machista assim. . .

XLII

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quando parei de pensar e falar merda em demasia. busquei mais cervejas, só que desta vez garrafas. de vidro. duas putas surgiram ao redor da nossa mesa. a puta que estava ao lado de zéquito era uma formidável e formosa gostosa, porém meio marrenta, posuda... estava esnobando um pouco apenas porque era uma puta duma gostosa! e a outra ao meu lado, era meio baranga, mas com um bem-servido rabo, um rabo bem delineado – a cara dela era de raimunda que só vendo!
- oi gatinhos! oi delícias! – a raimunda que era mais simpática foi se achegando com mais desenvoltura que a puta gostosura.
- oba! olá safadinhas! – zéquito respondeu.
- vamo fuder hoje???!!! tou muito afim de fuder bastante agora agora agora. . .
- eu também tou, safada!
a gostosuda posuda e eu permanecíamos calados, entremirando um ao outro.
- ai, não fala assim. . . senão eu me sento toda aberta bem no seu pau.
- mama aqui, safadinha! – zéquito coloca, sacode e aperta com bastante força os colhões com as mãos.
até que, após esse instante, a puta gostosona principia a puxar um papo comigo.
- já veio aqui alguma vez, queridinho?
- já.
- quando?
- há... nem sei... faz um tempinho...
- trepou bem neste dia?
- muito bem!
- lembra como era a menina com quem trepou?
- hum... nem lembro...
- não?
- hamn....
- faz uma forcinha pra lembrar!
- há......... só sei que era tão gostosinha como você.
- gos...to...sinha!
- quis dizer: mara...vi...lho...sa! gostosíssima como você, tesuda!
é. ela era um tanto quanto convencida, a puta.
- ááááááá... agora sim! cê se saiu melhor, meu neguinho.
no momento do nosso bate-papo. zéquito tinha sumido e deixado a raimunda ali à mercê. não sei pra onde ele pudesse ter ido. pois, a casa-da-luz-vermelha era enorme, um lugar extremamente espaçoso e havia mais um três andares.
todavia, o nosso bate-papo prosseguia.

XLI

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logo quando aportamos a zona do meretrício (o puteiro) fomos arrebatados & maravilhados por uma oportuna trilha sonora conduzida pela voz de Roberto Carlos entoado numa velha jukebox – a música que estava tocando era um antigo sucesso – O Portão. Clássico!
“eu voltei agora pra ficar/ porque aqui... aqui é o meu lugar./eu voltei pras coisas que eu deixei/eu voltei... eu voltei...”
parecia até trilha sonora de filme fajuto. mas já chegamos rindo desvairadamente agarrando umas putas que passavam suas bundas nos nossos colhões. andamos no compasso até o balcão das bebidas e pedimos umas long-necks de cerveja e um dois copos de catuaba. de plástico. eu odeio tomar drink em copos de plástico. parece frescura mas não é não. é questão de boa degustação. o tradicional copo de vidro concentra e fermenta a bebida melhor do que o copo de plástico. a droga da bebida fica sem gosto, inodoramente reciclável. acho que estou falando merda em demasia!!!!

XL

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vou ver se chamo algum amigo meliante pra ir à zona do meretrício comigo. eu preciso disso! voltar ao meretrício. . . é isso!
telefono para o zéquito:
- alô! é o zéquito?!
- é, porra!
- falaêê. . . tá fazendo o quê agora? tá de bobeira?
- assim... tô... mais ou menos. . . tô vendo um filme pornô aqui! foda! é o filme inédito da mulher caju que só toma pica no cu.
- porra! do caralho literalmente esse filme hein!!!
- é sim! ela fode tanto, se excita tanto que parece até que ela goza pelo cú, viado!
é, esse é o modo educado que ele trata seus amigos mais íntimos.
- é sim, mané!
- pó, táfim de ir pro puteiro hoje? daqui a pouco?
- daqui a pouco??? que horas assim. . . ? mais ou menos???
- tipo... umas dez e meia... tá bom pra você?
nisso, já são quase dez da noite.
- tá belezeira!
- vou passar aí pra te chamar aí então às dez e meia em ponto. não demora não, babacão!
- belezeira! pode passar aqui e gritar, doido. que eu já vou tá no esquema, falou!
- firmeza!
encerra-se a ligação com a meta atingida. farrear alopradamente no bordel.

XXXVIX

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esse sonho que eu tive foi um clangoroso aviso acarretando numa sequiosa vontade de ir até um puteiro. não agüento mais ficar só pensando em tâmara. comê-la só quanto há oportunidade ou ficar apenas na bronha. eu quero é chafurdar numa garrafa ou lata de cerveja. furufunfar pra caralho com alguma rameira a noite inteira até o sol disparar seus primeiros raios matinais. ‘hei psiu! eu quero é gozar a vida com........’

XXXVIII

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no dia ulterior, lembro do sonho ‘nitidamente’. eu estava num bordel bordado, recheado, repleto de mulheres maduras & meninas púberes riririndo em uníssono. pensei que estivessem gargalhando, mangando de minha pessoa. mas não. era apenas mera impressão.
no meio delas, cercada por elas, estava tâmara semi-nua com seus olhos caramelados arregalados querendo murmurando alguma coisa que eu não compreendia. ela me agarrou e eu me debrucei em cima dela. ela pede para que eu morda o seu pescoço e roce a minha barba espumosa na sua face. o enlace sexual prossegue até chegarmos ao quartinho pestilento e mofado. eu introduzi o meu falus no meio de suas nádegas. não me importava se eu estava penetrando na vagina ou no ânus. eu estava me alimentando dela e ela de mim. foi quando eu cheguei ao auge e desenhei uma linha de esperma em sua perna.
não é que funcionou!!!!! acordei de pau duro e com a cueca toda encharcada de esmegma.

sábado, 17 de outubro de 2009

XXXVII

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então. baforo um cigarro. acompanho o cigarro se dissolver em cinzas no cinzeiro devagarosamente. cago e escarro na pia do banheiro. faço a condigna higiene. saio e fecho a porta do banheiro e me dirijo a cozinha – bebo dois copos de água. volto para o quarto e desabo sobre a cama. para tentar forçar um sonho sexual com tâmara. antes disso, eu vou ver se toco uma punheta. é uma maneira mandingueira pra ver se induz à tal sonho. espero que funcione.

XXXVI

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acho que estou exagerando no romantismo... todavia, isso é até um bom rompante de que me acometo.
no entanto do enquanto-isso eu vou ficar acordado essa noite vendo os meus pornôs no meu gatonet. depois fumar um cigarro, defecar, beber um pouco d’água antes de dormir e sonhar que eu tô fornicando no sofá-cama da casa de tâmara.

XXXV

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faço minhas as palavras de Sartre: “os homens sabem calar-se.” diante da beleza, o homem deve parar, pensar, admirar, calar e gravar cada forma, cada expressão, cada gesto e cada conteúdo do belo. pra ser sincero, pra ser exato, eu me estremeço & me explodo quando me aproximo da inebriante lindeza que é tâmara. imagina quando eu tretrepar com ela de novo. o sol e a lua vão se encontrar, se colidir e a terra vai girar em torno destes satélites ao mesmo tempo. nooossssaa!

XXXIV

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já não procurei mais saber de laísa. dispensei-a. a minha paixão famélica está sobressaltada a devorar unicamente: tâmara. vidrei nela! embora, eu não vou me entregar ao dogma totêmico da disciplina monogâmica. mantenho-me sempre à caça na selva da noite enluarada e tétrica. onde os corações ressequidos e polidos de solitédio rastejam, pestanejam, rumorejam em busca de sobras de amor jogados no atacado de cada rua, cada esquina, cada aléia.
mas tâmara me catou, me cativou, ativou os meus instintos. ela me rebenta por completo! condignamente conspecto decifro o código morse do seu castanho olhar. . . ela me evoca. eu me sinto mais!

XXXIII

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é, me bateu uma saudade do tempo de moleque. quando eu tinha uma banda punk. ficava ouvindo sex pistols. não tinha responsabilidade. não me preocupava com nada. nem sofria de fortes dores de cabeça como as que eu tenho agora. mas estou bebendo, bebendo pra valer. às vezes, é muito melhor que fuder. pois, estou sozinho comigo mesmo. nasci pra viver desse jeito. pensas que estou triste! ao contrário, comemoro! basta ter ao meu lado umas biritas e me mantenho satisfeito como um cão que rói o osso e late contente por não ter que dividir com ninguém a sua alegria. porque ultimamente tenho notado que as pessoas estão aqui nesse mundo para estragar com os prazeres que ainda restam.

sábado, 10 de outubro de 2009

XXXII

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eu tô pensando seriamente em deixar os cabelos fluírem. tirar umas longas férias da barbearia e do meu emprego de office-man e me mandar deste país! vou colocar uns dreadlocks e morar na jahmaica. plantar vários pezinhos de maconha e escutar reggae o dia inteiro, de repente até me converto ao rastafari... que seja permitida a prática da poligamia. para que eu possa desta maneira comer uma pá de jamaicanas de corpos extremamente curvilíneos de cabeleiras dreads e tenha muitos filhinhos jamaicanos com elas.
- jah rastafari! – axé do afoxé filhos de gandhi! – só no ganjah , man!

XXXI

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- maldita dor infernal que me espicaça a abóbada craniana! berrei pra mim mesmo.
não consigo fazer nada desse jeito ruim que me encontro. a dor e a modorra abatem sobre mim. coxo, mouco, oco porém o semblante de louco permanece intacto.
- que enxaqueca miserável de merda! gritei novamente.
penso, logo reflito:
- é falta de tomar uma boa dose de cachaça!
- isso é melhor do que qualquer comprimido, pílula, drágea ou xarope. e não tem contra-indicação alguma.

XXX

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distraidamente, realizando a minha caminhada vespertina, cruzei com um amigo meu que eu não via há tempos e tempos. no entanto, eu fiquei sabendo na surdina por terceiros que ele estava chafurdando-se no fabuloso & perigoso mundo das drogas. porém, agora ele encontra-se recuperado. ex-viciado.
- . . .drogas?! se quer saber, confrade . . . já usei todas! agora já não pertenço a esse mundo.
- por quê? _ o tal compade pergunta com um ar blasé.
- simples, cara. agora eu sou de Deus. vou à igreja universal quase todos os dias. tomo um descarrego pra expulsar os demônios que insistem em me cercar. já fiz amizades com os irmãos todos de lá. e o obreiro indicou-me a faculdade de teologia para me iniciar a pastor. enfim, mudei de vida.
- uaU, que merda heim ! . . .

XXIX

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o mesmo malandro que me forneceu a cannabis nativa da jamaica que eu estava necessitando.é um sujeito conhecido por todos como: tudo lindo. ninguém sabe o seu nome, sua alcunha, nem sua origem. apenas que mora num vila chamada vulgarmente de curral e que trabalha como flanelinha toma conta dos carros que são estacionados perto do cemitério.
seu apelido surge do fato dele gostar muito duma erva danada e depois de dar aquela puxada no fino, explana a sua álacre onda aos cantos de todo o curral. independente da hora do dia, do clima (se chove ou faz sol), do movimento de transeuntes no local. e, sobretudo, sem se importar como está a sua vida [má ou boa(bem ou mal)] assim seu barato procede, na manhã:
- uhu uhu manhã lindaaaaa!
à tarde:
- uhu uhuuu tarde lindaaaa!
à noite:
- uhu uuuhuuuu noite lindaaaa!
clima chuvoso, nublado:
- uhuu uhuuuuu chuva lindaaa!
ensolarado e irradiante:
- uhuuu uhuuuuuu sol lindoooo!
com isso, eu vejo que na maioria das vezes, ficar no estado de sedação, no estado lenitivo constante é a melhor forma de engolir essa cretina rotina que nos esgana fria e rapidamente. sobretudo, é a melhor maneira de suportar o ônus do ânus dessa arrombada vida claudicante.

XXVIII

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- o que temos para fazer hoje?
- não sei. sei lá!
- marfumá um. da holanda ou da jamaica?
- tem aí? o da jamaica?
- tenho. e tá prensado. no calibre, compádi!
- pô tô precisando mesmo ficar na brisa no brilho...
- quer inspiração pra traçar tortuosas linhas né?
- exatamente.
- então lá vai! vai começar agora a tua inspiração. inspira, transpira, aspira. traga! traga a tua inspiração de volta!
- hum... é do bom mesmo, compadre!
- num te falei.
- já tô vendo até Deus!...
- ixe! q bagulho é esse?! pelo menos tô vendo q tu tá mais relaxado e bem marolado.
- sei não... acho que eu não volto, nunca voltei nem voltarei pra cá. eu sempre estive lá. lá é o lugar. o lugar de quem se sente que não se sente presente aqui. será que daqui eu já saí um dia? um dia qualquer... em algum lugar, eu sei, não foi aqui que eu nasci, cresci, morri e renasci. eu sempre sobrei das cinzas e soprei a minha vida a cada movimento dos ventos onde o meu norte não é o meu mito de minha morte almejada e sim a minha sorte forte consistente e abrandada. mais nada.
- . . .

XXVII

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estou pensando em escrevejacular uma porrada de textos pornográficos instigados pelo filme de piranhas lésbicas que estou assistindo neste agora. antes de começar a rabiscar eu vou me masturbando olhando para elas na televisão. elas gemem muito alto! cada uma delas veste uma espécime de calcinha-caralho. cada uma de uma cor. e enfiam suas calcinhas-caralhos umas nas outras. eu piro vendo as bucetas ficarem encharcadas de excitação no pleno ato da penetração. como elas estão contentes ao manusearem esses multicoloridos brinquedos de foder. porra! elas estão fudendo tal-e-como homens toscos e broncos. hehehehe... é melhor parar aqui senão não vai prestar...

XXVI

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eu tento escrever. eu tenho que escrever. eu preciso escrever. contudo, só consigo escrever, escrevinhar, escreviver. quando estou em profundo estado de tesão com a vida. pois, só sinto-me útil quando estou de pau duro. só sinto-me útil quando estou de pau duro.

domingo, 4 de outubro de 2009

XXV

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terminada a transa ela me fez umas ternas e telúricas perguntas:
- aonde nós estamos? – ela prossegue com a viagem – onde eu estou? será tudo isso um sonho que estou vivendo? porque o sexo foi óóótimo! totalmente delícia!
- é sim, princesa! foi bom à beça sim. confirmei.
no verde da verdade, eu é que estava achando tudo um sonho fantástico. copulando com essa deusa amulatada na minha cama velha que eu disfarcei forrando com um lençol novinho que eu comprei na semana passada. imaginando já uma oportunidade de transar gostoso com ela. ah meu doce fruto – tâmara!

XXIV

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pus uma música lenta. é tiro-e-queda pra começo de conversa apimentada ao pé do ouvido d'em seguida um roçar bolinador no cangote. percebi que ela estava adorando. e eu que não sou bobo nem nada, aproveito bastante – como um bom centroavante matador – não sou de perder uma oportunidade na cara do gol, marco logo de cabeça e corro pro abraço! traço que traço!
tâmara agarra as minhas mãos com destreza e avidez até os seus seios perfeitamente desenhados. eu faço o mesmo e coloco a sua mão no meu pênis. aaadoro fazer issoooo! e pulamos fervorosamente para a cama em chamas.
o sexo seguindo o seu curso produtivo. até pode-se dizer que o amor estava ali contido. porém, nós dois não estávamos ligando para isso naquele momento lascivo.
não há delito para o ato do deleite.
não existe pecado quando saciamos a sede.
o sexo é a evolução e a revolução das espécies.

XXIII

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enquanto tâmara falava, falava, falava e falava. eu a imaginava de calcinha, cinta-liga e corpete toda lasciva e dada para mim. eriçada a dar a noite toda numa foda fenomenal! porém, ainda permanecíamos ali no botequim. eu admirando ela olhando para mim. foi quando num repente, ela sugeriu:
- vamos tomar só mais essa – disse de maneira meiga, me fitando com seus olhos arredondados – e depois voltamos para a rua?
- ókei. tudo bem. concordei.
e continuei até sugerir uma proposta.
- o que acha de depois então ouvirmos umas músicas lá em casa?
- românticas? perguntou.
- sim.
- ficaremos no seu quarto?
- claro! por quê não?...
- perfeito, fofinho!
esse é o modo carinhoso como ela me designa sempre.

XXII

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caminhandamos bastante. risonhos e límpidos. todavia, não ofegantes. muito pelo contrário, estávamos ávidos de energia e com uma enorme vontade de beber umas brejas novamente. estacionamos no boteco mais próximo que avistamos. sentamos rapidamente. pedi uma breja estupidamente gelada, quase congelada! pois o calor sugere isso.
ela continuou conversando muito. contando sem cessar e sem vagar todas as suas histórias. e eu mais uma vez, não prestei tanto a atenção nelas. posto que eu não faço de propósito. é que eu fico tão ocupado e entretido devido a contemplação meditativa que a sua beleza me proporciona. neste instante fico mesmo abestalhado e estupefato e me pergunto em silêncio aterrador:
- como uma garota pode ser tão formosa, maravilhosa, esplendorosa, graciosa, gostosa desse jeito assim, hein????!!!!!

XXI

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permaneço petrificado, bestificado diante de sua presença. no momento não sei o que dizer. ‘tou tarado por você!’ é o que me vem a mente mudo. pra quem ela está piscando? com certeza não deve ser pra mim. pode ser que sim! afinal, não sou tão feio assim...
- o que você está fazendo, garoto? – ela diz. – quer dar um rolé de bobeira comigo?
- sem paradeiro?
- é! isso! ela responde com esfuziante entusiasmo.
- beleza! adoro caminhar sem rumo à toa. respondi.
- bora então.
destarte, fomos caminhando lado a lado, bem próximos um do outro como bons companheiros de longos anos. no entanto, eu estava querendo mesmo é trepar com ela numa cama macia, morna e borbulhante. tomara que esse desejo tórrido se concretize! tomara, tâmara, tomara!

XX

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ninguém me liga. ninguém gritou o meu nome no portão daqui de casa me convocando pra alguma zona. então, vou pra rua sozinho assim mesmo. melhor assim. paro em qualquer birosca e tá tudo certo! não vou me esquentar com isso que significa solidão. mas, a solidão é a única fiel amiga do homem. é a única que não pode atrapalhá-lo, ter ciúme doentio por exemplo, ou como correr risco de sofrer traição. nesse âmbito, a solidão têm seus benfazejos.
e passarando pelas ruas até achar um boteco que não esteja tão cheio. pois quero ficar no meu canto sossegado. sem ouvir tanto burburinho, alarido de gente bem bêbeda falando alto com outra gente bem próxima sentada na mesma mesa. é um negócio de louco! eu não entendo. . .
encontro um lugar pra beber tranqüilo. no mesmo instante que chego, avisto sentada perto do balcão sozinha aquela outra vizinha que eu parei pra beber, conversar, trocar uma idéia outro dia. o nome dela é tâmara. tâmara é um fruto da tamareira muito cultivado e apreciado na África, sua polpa é açucarada e comestível. é um fruto raro e bastante bonito como ela como tâmara que também desejo muito levá-la para minha cama e fazer dela meu alimento até de manhã.
tâmara é moreníssima. um jambo-mel que encobre sua pele e ardoura a minha visão. seu corpo é tal-e-qual uma escultura grega – ou seja – geometricamente bem delineado. em suma, não sei como ou o porquê dela dar confiança a mim? um ignoto e néscio poeta frustrado...