sábado, 12 de dezembro de 2009

LXXXVIII

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escura esquina. olor de urina nos muros. um silêncio aparente. os deambulantes confabulam.

e aí? por que vocês estão passando por aqui? atravessando o meu caminho. . . – interpelei-os.
n...ó...s!!!??? (os três tartamudeiam. estão tartamudos porque estão embriagados vindos da esbórnia noctâmbula.)
sim! vocês, porra!!! – irrito-me.
n...ó...s!!!??? (tartamudeiam novamente. mas a segunda melindrosa gostosa nada fala.)
porra! alguém tem um cigarro!? alguém tem um cigarro!? alguém tem um cigarro!? – repito a fala porque m’encontro em estado de desespero.
fique peixe, meu chapa. . . eu vou arrumar pra você! (o mulato malandreado exclama suavemente.)
acho que eu tenho um aqui na minha bolsa. [a primeira gostosa melindrosa roda a bolsinha com o peito da mão três vezes. abre o zíper da bolsinha. vasculha bem fundo e pega um cigarro amassado.]. aqui ó! tá meio amassadinho. [ela ri numa risada bem fina.]
uah! tá ótimo! – me aliviei em-demasia – eu tava seco pra fumar. . . o vício é um sacrifício. é um martírio.
no entanto, o vício é de muita serventia no que concerne a mitigação do giro tedioso da roda da ronda cotidiano. (o malandreado mulato reflete.) é. (pausa) o rodo. (pausa). cotidiano.
pô... vocês estão satisfeitos! de cara cheia!! – entoei.
ueh... mas estamos com a barriga vazia. [a primeira melindrosa alisa a barriga do mulato todavia com gestos salientes.] entretanto. . . a mente. . .
pois eu quero beber mais e futrepar de de novo!!! (o malandro agarra e sarra com muitos indecorosos gestos a segunda melindrosa gostosa.)
venha cá! – miro o olho arregalando-o para a segunda gostosa melindrosa – e você? não vai dizer nenhuma fala??!!!

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