quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

LXXVIX

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retomando o raciocínio sobre o paudurexistencialismo da pauduressência vitalícia. recordo-me de uma tentativa pífia de ser ator. ator não-pornô (risos). fui convidado por um amigo meu que é ator a assistir a um ensaio de uma peça. acho que era baseado num texto do Beckett. bem. . . acho... o diretor percebeu que eu estava completamente empolgado, excitado e me viu meio interagindo com toda aquela encenação teatral que estava acontecendo. no entanto, ele de-súbito me chama para participar da cena. eu, um pouco tanto sem jeito, aceitei. & embarquei naquela viagem dramática do Beckett. todavia, depois ocorreu uma cena em que todos os atores tinham que ficar nus, desnudos, pelados. todos! eu devia ter suspeitado desde o princípio. porque minha mãe uma vez havia me dito que “teatro é lugar onde todo mundo fica pelado.”
apesar em contudo, eu me despi. resolvi seguir o roteiro do negócio. & notei que todos ali estavam hiper acostumados com-a-coisa-toda. & constrangimento era algo que passava mui longe dali. mulheres, homens, não-mulheres e não-homens todos todos estavam tranqüilos & calmos sem pudor e imunes a qualquer tipo de opróbrio. extremamente a vontade, relaxadíssimos demais! com-isso o diretor me chamou a atenção sobre como me portar nesta cena de extrema naturalidade e naturismo:
- meu rapaz, você deve manter o pênis em repouso. procure manter total concentração em cena. não fique tão afoito. a ereção nessa parte não será algo apetecível. mantenha seu pênis em repouso, ouviu, rapaz?
- ham, como?
- já disse! siga à rigor o script, rapaz.
saí de fino. vesti a roupa. ele, o diretor e o elenco de atores que era enorme nem sequer perceberam a minha premente saída do palco. apenas o meu amigo que nem ligou quanto a minha retirada, pois foi o mesmo que não tivesse notado também. entretanto, eu tive um ressaibo de decepção e desapontamento. eu pensava que o que regia o teatro era a energia do pauduressencialismo da arte. isso é que dá a motivação, o gás, a alimentação exata e necessária para manifestação sublime da liberdade e da catarse que a arte, ao meu ver, dispara na mente e na alma de cada pessoa.
rererererepito: eu só me sinto útil quando estou de falo duro.

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