sábado, 15 de maio de 2010

CLXV

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refeito do toco, do bolo, do bola-fora que tâmara me deu. parto à caça de zazuê. se bem que eu já havia percebido um golpe de olhar de zazuê em mim. ela é esguia. assimetricamente baixa. própria pra alcançar o lugar certo, saca? ela tem a feição, o naipe de uma índia incrustada na mata amazônica. suas miudezas engrandecem a minha libido. eu me aproximo dela e gasto o português:
- zazuê.
- olá, meu querido!
- você já atuou ou atua em alguma peça?
- estreei uma há pouco tempo. mas. . . o porquê da perguntinha, muchacho?
- por nada - volto atrás - não... é porque eu tenho um texto escrito. na verdade, um dos meus absurdos doidivanos.
- adoro tudo que é doidivano, delirante, dantesco e deliciante.
- ah que ótimo!
- seu texto trata de que dialética? como são, mais ou menos, as dicções?
- não sei. não sei como explicar. só você lendo. te convido a conhecer a minha maloca também. a gente toma um beberico e aí lhe mostrarei todo o texto ao seu grosso molde.
- maravilha.
- maravilha - repeti.
o burburinho barulhento nos derredores da casa não atrapalha o nosso papo, o nosso diálogo.
- zazuê!
- fale-me!
- sabe o que eu quero agora, sabe?
- não. o quê?
- eu quero um beijo violento do teu batom violeta na minha boca.
- só-se-for-agora!
sem qualquer ora-ora. sem resquício de delonga, nos beijamos devassada e avassaladoramente. quase brutalmente. não desgarramos nossos lábios. quase nos pegamos ali mesmo na caraça de todo mundo ali presente.
o beijo violento do batom violeta - esse é exatamente o título da minha peça. e zazuê não está usando batom.

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