sábado, 8 de maio de 2010

CLXI

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todos estão atingindo o cume da chapação. inclusive, o professor diretor pseudo-dramaturgo veado. que prosseguia dando suas pintas infru-frutíferas. tudo está zoneado. cadeiras e mesas caídas e espalhadas à la vonté. de qualquer jeito-maneira.
os alunos-atores do seu curso, da sua companhia estão improvisando, mesclando cenas de vários textos, vários dramas, várias peças de todas as vertentes da dramaturgia: misturando, mixando Sófocles, Eurípedes com Ionesco e Strindberg. Balzac com Nelson Rodrigues. Shakespeare, Molière com Vianinha e Plínio Marcos. enfim, uma salada teatralizada.
eu, por minha vez, tento iniciar uma outra conversa com tâmara:
- escuta... tâmara. você continua dando expediente naquele bordel?
- o quê?
- continua dando expediente naquele bordel?
- como?
tentativa frustrada. minha fala, minha pergunta é interrompida. minha cena é roubada por esses seres estranhos e esdrúxulos.
- "Sendo o fim doce, que importa que o começo amargo fosse? "
Hamlet de Shakespeare.
- “Não convém aos deuses ter paixões de mortais.” - fala de Agave d ‘As Bacantes de Eurípedes – e continua com a cena. agora com a deixa de Dionísio – “...Zeus, meu pai, de há muito previra vossos destinos.”
- “Não está, né? Agora, olha, sua puta sem-vergonha !”... “Vai morrer morfético! Tu e essa perebenta ! Essa suadeira !”... “Será que você não é capaz de lembrar que eu venho da zona cansada pra chuchu?”
continua a encenação etiliébria de Navalha na Carne de Plínio Marcos:
- “Não vai machucar ele!”... “Não estou gostando dessa zorra aqui dentro.”
engraçado. também não. tou odiando. é por essas & outras que há muito não vou ao teatro. ‘mamãe eu quero’ tâmara eu vou meter o pé daqui! tou nauseado. a onda tá indo. eu não consegui nem formular a minha pergunta à tâmara que é deveras demasiado importante para mim. porém, ela:
- fica mais um bocadinho, meu grandioso!
- tá bem, eu fico.
pedindo assim com esse suave desvelo, ternura aliada a malícia. eu digo ao povo que fico sim, dom! só mais um pouco. . . prometo. meto.

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